A densidade mamária é um fator de risco independente para o desenvolvimento de câncer de mama e também está relacionada a uma diminuição da sensibilidade da mamografia do rastreio. Consequentemente mamas extremamente densas, chamadas também de padrão D, estão sujeitas a diagnósticos tardios do câncer de mama.
Uma publicação da sociedade europeia de imagem de mama em Jan 2022 traz uma novo protocolo de rastreio com ressonância magnética (RM) baseado nos dados do "Dense Trial", estudo prospectivo, randomizado em mulheres com mamas extremamente densas. Com dados bem significativos no cenário avaliado.
A densidade mamária está relacionada com predisposição individual genética e relacionada também com a estimulação natural dos hormônios femininos, que costumam diminuir ao longo do tempo e consequentemente, com o passar da idade a tendência é uma substituição do padrão glandular pelo padrão mais gorduroso da mama.
Estudos estimam que mulheres com mamas densas tem o risco 2x maior de desenvolver câncer de mama que a população feminina geral e até 6x mais chance de desenvolver quando comparado com mulheres com mamas pouco densas.
A chance da mamografia detectar um câncer de mama precocemente em mamas de baixa densidade é de 89% aproximadamente, porém em mamas densas essa taxa caí para 68%.
O uso da RM no rastreio da população do estudo aumentou o diagnóstico em 16,5 casos para cada 1000 rastreios realizados. A ecografia de mama é capaz de aumentar esses diagnósticos adicionais em 2,3 casos a mais apenas. E ainda a realização após 2 anos de nova ressonância foi capaz de detectar 5,9 casos a cada 1000 rastreios, mantendo boa taxa de aumento de diagnósticos com a periodicidade.
Além disso a RM de mama diminuiu a taxa de detecção de tumores de intervalo (aqueles que crescem entre exames) em 84%.
Para a Sociedade Europeia de Imagem de mama (EUSOBI) a realização de RM no rastreio de mulheres com mamas densas tem padrão 1 de evidência. Porém temos que trazer os fatos para a realizada também.
Até o momento não temos padronização de rastreio com RM da mama para mulheres com mamas densas. A RM é baseada em exame de maior custo, além do risco do uso de contraste que pode agregar eventos como alergias, por exemplo.
Antes de solicitar uma RM o especialista precisa alertar a paciente sobre a possibilidade de aumento de taxas de falso positivo que depois não confirmam na biópsia, pela alta sensibilidade da RM, além disso é importante que o especialista tenha recursos na sua cidade e também recursos individuais da paciente em caso de necessidade de biópsias guiadas por RM.
Por não possuir ainda uma padronização nacional desse rastreio periódico com ressonância das mamas, é preciso experiência dos especialistas e cada vez mais a avaliação das pacientes de maneira individualizada e personalizada.
Esse é um texto colaborativo com intenção informativa. Não substitui a avaliação individualizada em consulta por seu especialista.
Dra Priscila Morosini & Dra Thamyse Dassie
DOI:10.1007/s00330-022-08617-6
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